Uma história conhecida que se conta para explicar as complicações do mundo da tradução é sobre a expedição de James Cook à Austrália. O explorador britânico chegou à costa da região e começou uma pesquisa sobre o local e seus povos nativos. Quando avistou um canguru, animal nunca visto por um homem inglês, ele perguntou o que era aquilo. A resposta dos locais foi “canguru”, que na língua aborígene significava “não entendo o que você está falando”. Assim, o animal teria sido batizado, por meio de um erro de compreensão. Apesar de muito repetido, o relato não é verdadeiro, mas é uma boa anedota para ilustrar as confusões na hora de entender uma língua e traduzi-la.
Várias outras interpretações equivocadas ficaram conhecidas ao longo da história. Ironicamente, a importância da tradução fica mais óbvia quando as coisas dão errado. Já imaginou ser recusado em uma vaga de bolsa de estudos ou perder uma oportunidade de trabalho por um erro de tradução? Nessas horas, escolher uma empresa conceituada no mercado é essencial para garantir clareza e sucesso na comunicação.
Para ilustrar essas situações inusitadas, a Aliança Traduções selecionou erros de tradução que são lembrados até hoje.
Negócio da China
Em 2010, a jornalista chinesa Guan Xiangdong escreveu uma reportagem sobre mercado cambial e a moeda chinesa, o iuan. Porém, uma versão mal traduzida do texto foi responsável por um caos no mercado financeiro. Um site americano modificou o teor da reportagem: o que era apenas especulação sobre a valorização do iuan se transformou em um fato concreto, ou seja, entendeu se que o governo chinês ia deliberadamente valorizar sua moeda. Até agências de notícias consagradas, como a Bloomberg, publicaram a notícia equivocada. Foi quando corretores financeiros começaram a comprar outras moedas asiáticas achando que estavam fazendo um bom negócio. Estima se que o mercado cambial chegou a movimentar 2 bilhões de dólares em poucos minutos. No fim do mesmo dia do mal-entendido (11 de maio de 2010), os sites de notícias e as corretoras já haviam percebido o erro.
Incidente polonês
Saber falar dois idiomas não é necessariamente saber traduzir de um para o outro. O intérprete Steven Seymour aprendeu essa lição da maneira mais difícil. Seus erros de compreensão ficaram marcados na história ao acompanhar o ex-presidente americano Jimmy Carter em uma viagem para Polônia em 1977. Nascido na Rússia e segundo ele mesmo fluente em polonês, Seymour traduziu uma fala de Carter na ocasião. O intérprete afirmou que o presidente teria “abandonado os Estados Unidos para sempre” ao invés de “partiu dos Estados Unidos”. Também traduziu que Carter tinha “desejos sexuais pelos poloneses” no lugar de ter “vontade de aprender sobre os desejos que poloneses têm em relação ao futuro”. Seymour continuou trabalhando para o State Department americano, mas suas gafes tomaram conta dos jornais daquele ano.
Vida em Marte
A especulação sobre vida extraterrestre não é de hoje. O astrônomo americano Percival Lowell mapeou centenas de canais aquáticos em Marte, entre 1894 e 1895, acreditando que se tratava de obras artificiais construídas por uma raça inteligente de alienígenas. Entretanto, sua interpretação das imagens do planeta vermelho estava comprometida por causa de um erro de tradução. Em 1877, o astrônomo italiano Giovanni Virginio Schiaparelli nomeou áreas sombrias e claras, na superfície de Marte, com a palavra italiana “canali”, que pode ser entendida como “sulco”, “leito” ou “canal”. Em inglês, o termo foi traduzido como “canals”, dando a entender que se tratava de canais artificiais ao invés de naturais. Lowell chegou a publicar três livros com ilustrações dos canais marcianos. Apesar de não ser cientificamente correto, este trabalho do cientista serviu de inspiração para uma das primeiras obras de ficção científica alienígena: A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, de 1897, na qual uma civilização marciana inteligente invade a Terra.