O termo pode parecer estranho à primeira vista. Do inglês, conlang é a abreviação de “constructed languages“, ou seja, trata-se de “línguas construídas”, que não surgiram naturalmente na sociedade. A prática tem finalidades diversas: pode tanto auxiliar a comunicação humana, como é o caso do esperanto, quanto dar camadas realistas a mundos ficcionais, como acontece com o élfico, idioma inventado – talvez o mais famoso deles – pelo autor J. R. R. Tolkien na saga “O Senhor dos Anéis”.
Ainda que a terminologia conlang não seja amplamente conhecida, o hábito de criar línguas é cada vez mais popular. O assunto ganhou notoriedade com a série “Game of Thrones”, baseada nos livros de George R.R. Martin. O programa desenvolveu com mais destaque duas linhas linguísticas do universo fantástico do autor norte-americano: dothraki, falado pela tribo nômade de mesmo nome, e valiriana, família linguística que abriga diferentes idiomas artificiais como o alto valiriano e o valiriano astapori.
O responsável pela façanha criativa é David J. Peterson, linguista formado pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, e contratado pela HBO para o trabalho. Peterson, ao lado de outros linguistas, fundou em 2009 a Language Creation Society, organização sediada na Califórnia, dedicada a “fomentar a arte de criar línguas”.
No vídeo, em inglês, David J. Peterson comenta o processo de criação das línguas em “Game of Thrones”.
O sucesso das línguas inventadas por Peterson foi tanto que o aplicativo Duolingo, conhecido por ensinar idiomas por meio de exercícios em formato de jogos, lançou em julho um curso gratuito de alto valiriano. Apesar de parecer brincadeira, o aprendizado de qualquer idioma – mesmo que um de mentirinha – é um ótimo exercício para o cérebro, trazendo vários benefícios, desde melhorar a concentração até ajudar a prevenir doenças como o Mal de Alzheimer.